Devemos utilizar as mesmas ações afirmativas que são adotadas nos Estados Unidos, como políticas de inclusão no Ensino Superior?

Curso Docência do Ensino Superior

Aula Políticas de Inclusão no Ensino Superior

Proposta de discussão
por Prof. Roberta Fabiane Moreno da Silva Carvalho

Este é um post de uma série, com o objetivo de realizar um acompanhamento histórico da minha passagem como aluna de dois cursos superiores 100% EAD. Aonde vou manter registro das minhas participações nos fóruns e outras atividades. Vamos lá!

A pergunta estabelece uma dupla problemática:

• O fato de utilizar ou não certas ações afirmativas como políticas de inclusão do Ensino Superior.

• Essas ações adotadas nos USA podem ser ou não praticadas no Brasil.

—Will Counts/Arkansas Democrat/AP-File (1957)

Por um lado, no Brasil, temos mais da metade da população considerada uma “minoria” conforme o Censo de 2010 de grupos étnicos mensurados. Por outro lado é evidente (IBGE 2014) o reflexo no mercado de trabalho, sobre salários de pardos ou negros que ganham 58% do salário de homens brancos. Entretanto, vemos na mesma pesquisa, que as mulheres são mais escolarizadas do que os homens e ainda sim, há uma disparidade salarial, sobre o mesmo aspecto, sendo 74% em relação ao salário dos homens. Com estas observações, podemos identificar que a sociedade, de maneira geral, é favorecida à homens brancos e isso se reflete na maioria dos países, desenvolvidos ou sub-desenvolvidos, por uma herança muito mais antiga do que a escravidão. Por mais que estes indivíduos é quem sejam a “minoria” da sociedade.

Particularmente, não sou a favor de uma postura vitimista em relação a qualquer situação socio-econômica. Acredito no poder individual de mudança, no meio que é fruto do homem e não do homem que é fruto do meio. Cresci com a visão, de que tudo estava à meu alcance, na medida direta e proporcional ao tamanho do meu esforço, dedicação e perseverança. Assim como, qualquer um que me antagonizasse, em algo que desejasse fazer ou ser, ou ainda, insistisse que nunca teria mérito na questão, por qualquer característica física que fosse, servia como combustível e inspiração para mais um desafio, aventura e superação. Sou mulher e completamente surda do lado direito, assim como tenho outras tantas características psicológicas e físicas, que podem servir contra ou a favor determinadas funções. E propensão a desenvolver alguns talentos mais do que outros, assim como qualquer um. E nada disso me impediu de realizar alguma atividade que desejei realmente me empenhar. Vemos exemplos de superação contra situações adversas por todo o planeta, em diversos segmentos do ser.

Agora, também não é meu critério de sucesso, o mesmo critério de formação de um “homem de sucesso”. Questionando o foco dado pelas aulas de história, no ensino fundamental e médio, como poderia eu, obter sucesso, dentro da formação acadêmica hoje existente? Fica aqui a provocação.

De qualquer forma, entendo aqueles que vivem uma vida acreditando, que certos valores externos, definem quem são internamente. Também entendo, que é difícil mudar sua condição, caso não conheça as ferramentas para tal e não questione a si mesmo (ou o mundo em sua volta), sobre quem você é, ou quem você quer ser. Enxergando apenas como verdade, a perspectiva do que outros esperam que você seja. E entendo também o esforço de pessoas externas a condição de “minoria”, quererem seguir no caminho idealista iluminista e aplicar esforços e medidas afirmativas para inclusão do ensino, tentando favorecer e forçar atalhos para o avanço social e desenvolvimento do ser humano, sob o ponto de vista de SUAS perspectivas de sucesso.

Queremos inspirar pessoas a superar barreiras e desenvolver seus potenciais de criatividade ao máximo, para resolver os diversos desafios da nossa sociedade. E para obter resultados positivos, não é criando políticas de inclusão à Educação, mas sim incluir políticas de aprendizado à Educação, diversificando sua atuação de forma a respeitar origens e culturas.

Portanto é importante conhecer a si mesmo, para ter-se a perspectiva correta de melhorias, em direção aos seus próprios critérios de sucesso.

Referências
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